segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Bem-vindos ao bom teatro

Cia. Nu Escuro na adaptação do conto “O Alienista”, de Machado de Assis: um convite ao teatro de boa qualidade.


Ao adaptar o conto O Alienista, a Cia. de Teatro Nu Escuro define sua estratégia para praticar o bom teatro: investir em ironia refinada e na dramaticidade do gesto. No espetáculo da última terça, 28, na programação do Goiânia em Cena, a companhia apresentou um Machado de Assis leve e despojado e ainda com sátira social à altura da obra literária.

A Nu Escuro já conta com uma década de história e sempre desenvolveu espetáculos mesclando fortemente música e teatro, e convidando artistas para as montagens. Mas é em O Alienista que a companhia recebe a visita do fenômeno Cristiane Perné. Fenômeno, porque ela tem algo de extraordinário. E o diretor Hélio Fróes explorou com maestria o talento dela. Os atores Izabela Nascente, Lázaro Tuim e o próprio Fróes estavam impecáveis, assim como o projeto de iluminação e o figurino, que ficou longe da pieguice e que também ironiza ao ter como adereços trancas de porta.

Diante de dificuldades financeiras típicas de uma companhia de teatro, a Nu Escuro faz do nada um tudo. Esta habilidade de transformar as coisas é marca da companhia e lhe confere identidade, porque quase inaugura um novo estilo teatral, sem nunca ter exibido montagens espetaculares, cheias de recursos impressionantes e virtuosismo. O lugar da Nu Escuro é onde o espetacular dá espaço ao genial.

Critica de Rafael Ventuna (Diario da Manhã/ GO - 30/10/08)
Foto de Layza Vasconcelos

Um comentário:

Murilo Garcez disse...

e vida longa a Nu Escuro!!