O Cabra que matou as cabras – Castiga o falo que o “Nu Escuro”vem aí
Ridendo castigat mores.
(expressão atribuída por Paulo Ronai ao poeta)
Jean de Sauteuil
Manhã de sol em São paulo. O bonito e original cenário em tom bege está naturalmente iluminado pelo astro rei. Enquanto isso os jovens astros reis de Goiânia preparam-se para entrar em cena e iluminar ainda mais a bela manhã. Na platéia, habitantes do Vale do Anhangabaú, pessoal ligado ao teatro e uma humilde mãe carregando o seu bebê. Exageros e licenças poéticas à parte foi realmente muito prazeroso assistir ao simpático, mas não isento de problemas, espetáculo.
O texto é baseado na farsa medieval A farsa do advogado Pathelin, de autor desconhecido, aclimatada com inserções de elementos da cultura popular brasileira, principalmente daquela nordestina. O espetáculo foi concebido em processo colaborativo, mas quem assina a dramaturgia é o diretor Hélio Fróes. O texto é irregular, tornando-se às vezes emaranhado e cansativo. Há várias interferências musicais que vão desde os folguedos populares até Tim Maia e Tom Zé (a música deste num momento particularmente engraçado). Esses apartes musicais em algumas situações tornam o espetáculo tímido, fazendo-o perder o ritmo.
O Nu Escuro nasce em 1996, com integrantes do extinto Castigando Falo. A escolha dos nomes denuncia a irreverência e o bom humor do Grupo. Neste espetáculo atuam 4 integrantes do grupo e uma atriz convidada (Eliana Santos), que está menos à vontade e com menor rendimento em cena, apesar de ter feito chorar o grande incentivador de teatro de rua, de Goiânia, Marcos Amaral Lotufo, com o “pum” da personagem apresentado por ela. Os espetáculos são dirigidos por um dos elementos do grupo, neste caso, Hélio Fróes, que não participa como ator. Os atores usam e abusam do grotesco e do escatológico arrancando gragalhadas da platéia e fazendo-a pensar, confirmando a expressão latina em epígrafe: “Rindo corrige-se os costumes”. Todo o elenco tem bom desempenho, mas cumpre destacar o trabalho primoroso de Abilio Carrascal (o tal do “cabra que matou as cabras”, pivô de toda a trama), com uma brejeirice, um a graça e esgares de olhos dignos dos nossos melhores Oscaritos. Esse é um ator talhado para viver nossos heróis/malandros populares como Macunaíma, Pedro Malasartes, Jeca Tatu e Pe
O cenário, construído a partir de cenários e objetos de cena de outros trabalhos, é um espetáculo à parte: o sol que vira lua, os bonecos que surgem em montanhas íngremes ilustrando as histórias da mulher que virou cabra e do homem que virou bode. Melhor de tudo é a esposa do advogado transando com seu amante (um boneco). Deve ser uam grande diversão assistir ao show que acontece atrás do cenário.
O espetáculo, concebido para a rua, deve render muito bem também num palco italiano tradicional.
E por falar em teatro de rua foram hilárias as reações dos atores e da platéia primeiramente com o caminhão do lixo. Interessados no espetáculo que se apresentava, os coletores pararam para assistir ao espetáculo e esqueceram o caminhão ligado... Como o barulho era grande, uma das atrizes, de grande verve histriônica, manda o caminhão tomar naquele lugar com duas letrinhas... Claro, o público vem abaixo. Um pouco depois aproxima-se o helicóptero do Prefeito, em coro e espontaneamente, vociferam todos: Cai fora, Kassab. Quem pode, pode; quem não pode se sacode!
Por José Cetra Filho, pesquisador de teatro.
Jean de Sauteuil
Manhã de sol em São paulo. O bonito e original cenário em tom bege está naturalmente iluminado pelo astro rei. Enquanto isso os jovens astros reis de Goiânia preparam-se para entrar em cena e iluminar ainda mais a bela manhã. Na platéia, habitantes do Vale do Anhangabaú, pessoal ligado ao teatro e uma humilde mãe carregando o seu bebê. Exageros e licenças poéticas à parte foi realmente muito prazeroso assistir ao simpático, mas não isento de problemas, espetáculo.
O texto é baseado na farsa medieval A farsa do advogado Pathelin, de autor desconhecido, aclimatada com inserções de elementos da cultura popular brasileira, principalmente daquela nordestina. O espetáculo foi concebido em processo colaborativo, mas quem assina a dramaturgia é o diretor Hélio Fróes. O texto é irregular, tornando-se às vezes emaranhado e cansativo. Há várias interferências musicais que vão desde os folguedos populares até Tim Maia e Tom Zé (a música deste num momento particularmente engraçado). Esses apartes musicais em algumas situações tornam o espetáculo tímido, fazendo-o perder o ritmo.
O Nu Escuro nasce em 1996, com integrantes do extinto Castigando Falo. A escolha dos nomes denuncia a irreverência e o bom humor do Grupo. Neste espetáculo atuam 4 integrantes do grupo e uma atriz convidada (Eliana Santos), que está menos à vontade e com menor rendimento em cena, apesar de ter feito chorar o grande incentivador de teatro de rua, de Goiânia, Marcos Amaral Lotufo, com o “pum” da personagem apresentado por ela. Os espetáculos são dirigidos por um dos elementos do grupo, neste caso, Hélio Fróes, que não participa como ator. Os atores usam e abusam do grotesco e do escatológico arrancando gragalhadas da platéia e fazendo-a pensar, confirmando a expressão latina em epígrafe: “Rindo corrige-se os costumes”. Todo o elenco tem bom desempenho, mas cumpre destacar o trabalho primoroso de Abilio Carrascal (o tal do “cabra que matou as cabras”, pivô de toda a trama), com uma brejeirice, um a graça e esgares de olhos dignos dos nossos melhores Oscaritos. Esse é um ator talhado para viver nossos heróis/malandros populares como Macunaíma, Pedro Malasartes, Jeca Tatu e Pe
O cenário, construído a partir de cenários e objetos de cena de outros trabalhos, é um espetáculo à parte: o sol que vira lua, os bonecos que surgem em montanhas íngremes ilustrando as histórias da mulher que virou cabra e do homem que virou bode. Melhor de tudo é a esposa do advogado transando com seu amante (um boneco). Deve ser uam grande diversão assistir ao show que acontece atrás do cenário.
O espetáculo, concebido para a rua, deve render muito bem também num palco italiano tradicional.
E por falar em teatro de rua foram hilárias as reações dos atores e da platéia primeiramente com o caminhão do lixo. Interessados no espetáculo que se apresentava, os coletores pararam para assistir ao espetáculo e esqueceram o caminhão ligado... Como o barulho era grande, uma das atrizes, de grande verve histriônica, manda o caminhão tomar naquele lugar com duas letrinhas... Claro, o público vem abaixo. Um pouco depois aproxima-se o helicóptero do Prefeito, em coro e espontaneamente, vociferam todos: Cai fora, Kassab. Quem pode, pode; quem não pode se sacode!
Por José Cetra Filho, pesquisador de teatro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário