Segundo os participantes do evento, ao final do show uma das anfitriãs agradeceu a presença das pessoas e se despediu, enquanto os policiais se posicionavam. De acordo com o advogado Gregório Alexandre de Castro, 34, um dos presos acusado de desacatar a autoridade policial, os policiais nada disseram aos participantes do evento. Preocupados em desocupar o local, os policiais partiram para o público com spray de pimenta e cassetetes.
O arrastão promovido pela Polícia Militar deixou pelo menos 20 pessoas feridas. Gregório, por exemplo, foi a vítima com maior escoriações. Após ser preso, ele foi encaminhado ao 1º Distrito Policial, onde desmaiou. Foi levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e ficou constatado traumatismo craniano moderado. Ainda na madrugada, ele foi transferido para o Hospital Neurológico.
Para a esposa do advogado, Osana Rosa de Araújo Castro, 26, que presenciou o marido ser agredido e não pôde fazer nada, a atitude representou um ato de barbaridade. "Os policiais encostaram duas moças e um rapaz num carro e começaram a bater muito. Meu esposo tentou separar e cinco policiais o agrediram até ficar totalmente machucado. O algemaram e o levaram preso", relata Osana.
A Polícia Militar afirma que os policiais tentaram conter um homem que jogou um copo de cerveja em um dos militares. E durante a autuação outras pessoas começaram a agredir os policiais em defesa do jovem que estava sendo preso. "A PM estava tentando evacuar o ambiente, quando um grupo de jovens resistiu", afirmou Bites, major da PM.
A organização do evento tem uma parceria com a PM para que a segurança do local seja assegurada. Segundo as vítimas, os policiais não estavam identificados. Alguns usavam colete a prova de bala e tinham as mangas da farda onde o nome está grafado dobradas. Luciana, professora municipal, foi uma das primeiras vítimas da agressão. Ainda estava em frente ao palco esperando por amigos quando foi atingida nos olhos com spray de pimenta. Permaneceu alguns minutos no chão quando foi recolhida.
Minutos após abrir os olhos, visualizou uma amiga de vestido sendo arrastada por um dos policiais da cavalaria. Após as prisões e a dispersão do público, um grupo de manifestantes se concentrou na porta do 1º DP. Estudantes universitários, familiares dos detidos, vítimas do arrastão, religiosos e o deputado Mauro Rubem (PT) protestaram em frente ao prédio. A polícia, preocupada com um possível motim, acionou reforço policial para a delegacia.
Segundo Mauro Rubem, a atitude policial no incidente é retrato do despreparo. "As vítimas estão sendo tratadas como acusados. É mais uma prova da falta de preparo e de atitudes de preconceito com determinados grupos sociais", afirma o deputado.
A segunda noite de carnaval na Avenida Araguaia no setor Central teve início com a apresentação dos cinco blocos de rua: companhias Boca em Boca, Boca de Lixo, Bumba Meu Boi, Bloco de Pequi e Revolução de Goiânia fizeram a alegria do público.
Rafaela Carvello
http://www.dm.com.br/materias/show/t/estudantes_e_folioes_reclamam_de_violencia_policial
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