terça-feira, 26 de julho de 2011

Carta aberta - Movimento das Artes Cênicas

“Convidamos os militantes e entusiastas das Artes Cênicas do nosso estado com objetivo de tomarmos atitudes para dar visibilidade às questões inerentes aos artistas e a ausência de políticas públicas que promovam ações continuadas à altura da demanda da comunidade artística e cultural do estado.”



Goiânia, 25 de julho de 2011

Recentemente, a AGEPEL (Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira), convidou alguns membros das artes cênicas para que os mesmos indicassem direcionamentos para a elaboração de um edital a ser contemplado entre as áreas do Circo, da Dança e do Teatro para este ano de 2011, oferecendo um valor de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), advindos do Tesouro Estadual. Na Terceira reunião desta referida comissão houve a proposta de realizar um encontro mais amplo e com maior representatividade para nos posicionarmos frente à referida solicitação.

Nas discussões das reuniões da comissão e em encontro realizado entre diversos militantes das artes cênicas, no dia 21/07/2011, às 19h10min, tendo como ponto de pauta principal discutir e se posicionar a respeito da proposta feita pela AGEPEL, foram colocados diversos pontos de vista e idéias acerca do presente edital.

É unanimidade a insatisfação com o valor proposto de R$ 150.000,00 para os três segmentos. Apesar disso, foram feitas inúmeras análises para a possível e melhor utilização desses recursos públicos, com base nas necessidades atuais da área, tais como, o fomento à manutenção dos grupos; a pesquisa e formação, com a criação de grupos de estudos, palestras, mini-cursos, intercâmbios, etc.; novas montagens de espetáculos; a circulação de espetáculos já produzidos; a divulgação dos grupos existentes junto à mídia e ao público, com a produção de materiais (adesivos, postais, camisetas,...) ou mesmo ações em parceria com a secretaria de educação, para
circulação de espetáculos junto à rede pública estadual, visando formação de público.
Com base nisso, foram dadas inúmeras sugestões, sendo algumas citadas abaixo:

1. Utilizar a verba para premiar poucos grupos através da escolha por uma comissão julgadora de 03 (três) prêmios de R$ 50.000,00 cada, como uma forma do premiado ter um valor mínimo para empreender a ação que o edital proporia;

2. Utilizar a verba para 10 (dez) prêmios de R$ 15.000,00 cada, tendo como objetivo uma “partilha” do valor entre um número maior de trabalhadores;

3. Utilização dos recursos de formas alternativas, como ocupação por temporadas, para a manutenção de espaços e obras;

4. Realizar um “grande evento” comum às artes cênicas fazendo a ocupação de diversos espaços culturais na cidade de Goiânia, com um cachê base de R$ 3.000,00 (três mil reais), solicitando mídia e espaço doado pelo governo, tendo como objetivo a mobilização e integração de um grande número de trabalhadores das artes cênicas, bem como, provocar a sociedade com a arte e incentivar a multiplicação de platéia.

5. Realizar um “grande evento” com 150 artistas de rua, com um cachê base de R$ 1.000,00 (um mil reais) fazendo a ocupação da Praça Cívica no intuito de reivindicar mais dignidade ao trabalho das artes.

Com base no exposto chegamos à conclusão que as Artes Cênicas necessitam, urgentemente, de uma política mais ampla, pensada e planejada a médio e longo prazo.

Urge uma produção local melhor assistida, construindo um plano com muitas mãos, fazendo o mapeamento dos grupos em todo estado, realizando um levantamento sócioeconômico do setor e políticas de formação de público. Também se faz observar que os três segmentos (circo, dança e teatro), têm demandas diferentes e que devem ser fomentados de acordo com as suas especificidades.

Das inúmeras propostas para aplicação deste dinheiro público, a que mais contemplou a
expectativa dos presentes foi a sua possível utilização em atividades de mobilização do setor. Chegamos à conclusão que para esta finalidade não se fazem necessários
estes recursos. Assim na presente reunião ficou decidido a não participação de membros que compartilham com este movimento da elaboração deste edital, pois este valor não supre minimamente a demanda apresentada.

É sabido por grande parte dos trabalhadores da cultura que o Governo de Goiás, desde
seu início de mandato, segue com atitudes incoerentes em relação ao que é necessário
para o desenvolvimento e planejamento de ações para a área cultural de nosso Estado.
Desde o corte de 50% aplicado no já reduzido orçamento da Lei Goyazes, até recentes
acontecimentos, temos uma total falta de bom senso.

Isso demonstra que o Estado de Goiás precisa com urgência encarar, de fato e não de
discurso, o desafio de fomentar adequadamente seu setor cultural. São necessárias
políticas públicas que promovam ações continuadas à altura da demanda da comunidade
artística e cultural de todo o estado.

Aos que não puderam comparecer ao presente encontro e a todos os militantes e
entusiastas das artes cênicas, convidamos e convocamos a participarem das ações e atos político-artísticos que serão propostos e divulgados a partir deste início de segundo semestre de 2011, no intuito de construir um programa de ações para a elaboração de um plano de políticas públicas da área a ser entregue ao Governo.
Com o nosso mais sincero respeito.

Seguem assinaturas,
Marcelo Carneiro – Produtor Cultural
Sacha Witkowski - Produtor Cultural - Fórum de Dança de Goiânia
Vera Bicalho – Quasar Cia. de Dança
Hélio Fróes – Cia. de Teatro Nu Escuro
Kleber Damaso – Pesquisador e Professor da UFG
Luciana Caetano – Grupo Solo de Dança
Giselle Carvalho Moreira – Quasar Cia. de Dança
Marci Dornelas - Professora/ Produtora - Lúdica Eventos e Projetos Culturais
Luiz Adriano Garibaldi – Grupo de Teatro Guará / Escola de Dança Jaime Arôxa
Virgínia Maria – ACT – Casa do Teatro
Rodrigo Rodrigues – ACT – Casa do Teatro
Loris Chacha Artiaga – Grupo de Teatro Guará
Rafael Ribeiro Blat- Produtor Cultural – Professor – Diretor de Teatro
Nilton Rodrigues – Teatro Exercício
Lázaro Tuim – Cia. de Teatro Nu Escuro
Maneco Maraca – Circo Laheto
Marcos Lotufo – Oficina Cultural Geppetto
Danilo Alencar – Grupo Arte & Fatos - Presidente da Feteg
Samuel Baldani - Grupo Guará
Norval Berbari - Ator, Conselheiro Estadual de Cultura e Vice-Presidente da Feteg
Alexandre Silva Nunes - Pesquisador, Encenador e Professor
Maria Cristina M. de Souza- atriz/ empresária
Priscilla Anne Tomaz Carneiro
Andrea Pita
Marcela Pultrini
Taiana Martins
Leo Pereira
Alexandre Ferreira
Levy Silvério da Silva Júnior
Eládio Garcia Sá Teles
Adriana Veloso – atriz / Cia Benedita de Teatro / Esqueteria Macacos
Dionísio Bombinha e Liz Eliodoraz – Grupo Teatro que Roda

6 comentários:

Fred Policarpo disse...

Nenhum representante do teatro do Basileu França????

Grupo Trupicão Cia.de Teatro disse...

rtistas ocupam sede da Funarte em São Paulo para protestar contra MinC. tem que fazer assim...

Grupo Trupicão Cia.de Teatro disse...

Vamos ocupar a Agepel..............!!!!!!!!!!!!!!

Maianí Gontijo disse...

As políticas públicas para a área cultural devem respeitar as demandas setoriais e provocar o diálogo entre os vários setores da cultura, é importante essa abertura a discussão que a Agepel vem propondo afinal na gestão anterior a conversação com a área era quase nula.

Hélio Fróes disse...

Também acho Sandro! Ocupar a agepel é uma boa!

Carlos Cipriano disse...

Os produtores e artistas das Artes Cênicas tomaram a atitude certa. Esse edital é bem vexaminoso, né? A demanda desses segmentos (teatro, dança e circo) juntos, na Lei Goyazes, é uma das mais fortes. Perde apenas para Música. A solicitação de recursos, somados todos os projetos de Cênicas, ultrapassa milhões, todo semestre. Falta sensibilidade, vontade política. Percepção do que acontece no estado. As coisas estão aí vibrando, nem é preciso girar Goiás com conferências pra saber disso.