quinta-feira, 21 de junho de 2012

Plural

 Foto de Layza Vasconcelos
Contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. 
PLURAL é a trama tecida pelas histórias de uma menina chamada Maria. Suas primeiras recordações remetem aos seus sete anos, onde se distraia brincando com uma boneca de milho no terreiro de sua casa, enquanto sua avó cozinhava no fogão a lenha e lhe falava pela janela. A narrativa segue costurando memória em memória, fiando do universo rural ao urbano, bordando histórias vividas e sentidas, com seus encantos, medos, violências, coragens, lamentos e alegrias. Uma trama sempre tensionada entre o drama e a poesia, o trágico e o humor.

A Cia de Teatro Nu Escuro comemora os 16 anos de trajetória e abre um baú de recordações a partir de relatos de seus familiares, criando um diálogo entre o factual e a ficção, para falar de uma parcela de mulheres que migraram principalmente de Minas para Goiás na promessa de melhoria de vida. A peça fala sobre mulheres rurais que têm suas identidades forjadas em seu sangue: o negro, o índio, o branco. A dramaturgia foi concebida através de histórias e lembranças de mulheres que vivenciaram estas questões: Dona Lia, Dona Joaquina e Dona Vanilda, mães, respectivamente, de Izabela Nascente, Abilio Carrascal e Lázaro Tuim. E por meio destas três mulheres com vidas tão parecidas e, ao mesmo tempo, tão distintas, foi que construímos artesanalmente uma história PLURAL, a história da nossa protagonista Maria.

Para o espetáculo foram confeccionados bonecos forrados de tricô e de crochê, assim como os figurinos e cenários, com a intenção de criar um universo lúdico e poético que retrate o ambiente rural. A linguagem do vídeo aparece como um contraponto ao universo popular, as projeções de imagens (video mapping) sobrepostas ao cenário, aos bonecos e aos atores/manipuladores, criam texturas e efeitos que dialogam com a cena. Outro ponto importante do espetáculo foi a rica pesquisa corporal desenvolvida, que teve o objetivo de aprofundar a interação entre o boneco e o manipulador, em que o ator explora seu corpo a serviço da animação do inanimado. Atores e atrizes que também cantam, dançam e tocam cantigas populares junto com os bonecos, como em uma brincadeira em que as linguagens cênicas do teatro de animação, músicas ao vivo e projeções de vídeos se cruzam em um calidoscópio infantil.

A brincadeira é o ponto de ligação, brincar de boneca é uma das diversões mais prazerosas para meninas do mundo inteiro, onde é possível atravessar universos e histórias, remontar comportamentos familiares ou simplesmente se distrair. Este universo é o tema que a Cia de Teatro Nu Escuro se propõe a investigar.


2 comentários:

Cantin/ Iolanda Gomes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cantin/ Iolanda Gomes disse...

Muito bom mesmo! O tema abordado e a temática tmb! Anciosa pra vêr! Pena que Teresina-PI fique tão longe!