quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Um Teatro de bom Recife 2008

Não poderia começar de melhor maneira, atribuir um titulo de prenuncia estranha para um evento de nome não tão pronunciável: Festival Recife do Teatro Nacional. Não sei porque, mas tinha a sensação de toda vez que fosse anunciar o Festival que iria tropeçar no nome... o que de fato aconteceu muito.
Bom, deixa eu situar . Estou falando do festival de teatro que aconteceu neste mês de novembro na maravilhosa cidade do Recife, capital pernambucana e que a Cia de Teatro Nu Escuro foi convidada e eu tive o grande prazer de acompanhar como técnico “pau para qualquer hora”.
Foi surpreendente essa passagem nesse festival, que com certeza deve ter seus imensos problemas, criticas locais e etc, mas que ao olhar de um convidado pode-se perceber inúmeras qualidades. O respeito para com os grupos foi notável, passagens áreas, hotel de melhor qualidade, transportes disponíveis e sem atrasos, programação diversificada, pessoas interessantes e tratamento vip, no entanto, o que mais me chamou atenção e que me fez emocionar, foi a tão querida homenagem a uma figura por demais respeitada na cena teatral pernambucana. Me refiro a Geninha da Rosa Borges, “uma mulher chamada teatro”, como bem definiu o texto de abertura do folder do Festival. Uma linda jovem senhora, que cordialmente assistiu a nossa primeira apresentação em terras pernambucanas num clima de estréia, conhecimento, presença de importantes figuras do teatro nacional e lá estava Geninha, com seus setenta e muitos anos, sentadinha em um lugar na sombra de um escaldante dia de sol numa manhã de domingo. Sua presença nos irradiou e assim foi com todos grupos que apresentaram no ”seu” Festival. Aonde tinha apresentação, tinha a presença marcante de Geninha, prestigiando os grupos convidados.
Venho aqui para falar bem e uma virtude nobre do festival foi o aparente caráter popular do evento, a idéia de formação de platéia foi seguido pelo menos na questão de preços de ingressos, onde todas as apresentações nos vários teatros da cidade não ultrapassava cinco reais e em muitos, inclusive na representante global do festival,custeou apenas um real. Outro marco importante foi a posposta de espetáculos descentralizados, aí que entra a Nu na história, que revezou com outro grupo nas apresentações de rua nos bairros mais periférico da cidade.
Esse conjunto de ações aponta para uma significante ação social do festival e mesmo que haja visto falhas na parte de divulgação, principalmente na periferia da cidade, onde poucos sabiam noticias do festival, a tentativa de universalização do teatro me pareceu interessante. Aproveito a oportunidade para fazer uma critica ao Goiânia em Cena, a variante de festivais nacionais em Goiânia, que elitiza a participação do público cobrando preços nada populares e restringe as apresentações a alguns poucos teatros.
E em falar em Goiás, queria dedicar essas ultimas linhas para a Cia de teatro Nu Escuro, que responsavelmente participou deste festival, onde soube representar formosamente o teatro goiano, para não dizer a cultura goiana e que integralmente cumpriu todas as apresentações nas praças de Recife com muitos elogios e aplausos.
Acompanho “ O Cabra que matou as cabras”, desde seus pensamentos e de várias formas pude contribuir com esse trabalho, seja na pesquisa, seja na técnica, seja apenas vendo. E em Recife cada apresentação era um novo espetáculo, tivemos a oportunidade de apresentar num curto espaço de tempo nove espetáculos do Cabra, cheguei muitas vezes ter a impressão de estar convivendo, fora das apresentações, com os próprios personagens da peça, de tão incorporado estava a Nu naqueles dias. De todo coração, parabéns a essa trupe e obrigado por esses momentos de prazer.
Bruno Garajau – Historiador e de quando em vez técnico da Cia de Teatro Nu Escuro

2 comentários:

Mayara Vila Boa disse...

Ótimo texto!
Deu pra ter uma boa noção do que foi esse festival e da participação da Nu Escuro, que já havia sido falada pelo Wellington Junior.
Parabéns pessoal!
Merda p vcs!

Anônimo disse...

Belíssimo texto, Bruno.
Parabéns a todos!
Espero que venham por aqui novamente com um outro espetáculo.