Por Adailton Alves – Ator e historiador, convidado do Encontro.
A Cia de Teatro Nu Escuro, de Goiânia, Goiás, levou uma adaptação da farsa medieval do Advogado Pathelin, misturando com o cordel e nominando-o de O cabra que matou as cabras. O grupo bebeu na teoria do realismo grotesco do russo Mikhail Baktin, criando personagens com corpos deformados, em que prevalece o baixo corporal e o duplo sentido. Logo no começo do espetáculo o ator/narrador pede para que acreditem no que irão narrar, senão uma caganeira os acometerá; este recurso de praguejar o público é utilizado por Rabelais em Gargântua e Pantagruel, obra estudada pelo teórico russo, é também uma forma de demonstrar para o público que atores e platéia são iguais, são do mesmo extrato social, são cúmplices, assim a confiança fica estabelecida. Este é ainda um recurso carnavalizante, que põe por terra as boas maneiras, as normas tão presentes na arte burguesa. Ainda dentro do universo carnavalizante, um outro recurso usado pelo grupo ao longo do espetáculo foi a paródia, que apareceram em orações e nas músicas conhecidas que foram reelaboradas. Todos são recursos cômicos largamente usados no seio popular. Aliás, este foi o grupo com as piadas mais picantes, demonstrando que estudaram muito bem o universo em que se embrenharam.
Leia a Crítica completa do Encontro de Teatro de Rua de Angra dos Reis no blog:
teatroderuanobrasil.blogspot.com
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