segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Cabra que matou as Cabras- Direção: Hélio Fróes


O caso das Cabeças das cabras...
Faço teatro há um pouco mais de 20, só de Nu tenho quase quinze.
Quinze anos de arte, pesquisa, imaginação, ralação, insistência, resistência.
Um dia, conversando sobre as dificuldades da profissão, principalmente financeiras com minha companheira de trabalho Eliana Santos ela falou emocionada: FAZER TEATRO É UM ATO DE CORAGEM. Quem vê agente no palco, figurinados de prontidão,pouco  sabe o que passamos para estar lá, Muito ensaio, repetição, repetição, repetição, em todos os sentidos, tipo: repetição de cena, repetição de carregar cenário, repetição do dinheiro faltando no final do mês, repetição de ausência da família, repetição da eterna pergunta: Ah faz teatro? maisvc trabalha com o quê?
Mais tem o lado bom, ou melhor:como eu dizia quando achava uma coisa muito boa na minha infância , tem o lado bótimo, coisas que nem sempre se dá para explicar com palavras, coisas subjetivas, mágicas que estão no nosso cotidiano.
Como aconteceu ontem. Ontem reapresentamos um espetáculo que é muito especial para nós, “O cabra que matou as cabras”. Foi neste espetáculo que decidimos fazer as nossas grandes apostas, foi nele que eu estreei como bonequeira, o Hélio na direção, e um monte de outras estreias que hoje percebemos que deram certo.
 O espetáculo tem dez anos. Engraçado, lembro uma vez de ter assistido um espetáculo maravilhoso chamado “Vau da sarapalha” dirigido por Luiz Carlos Vasconcelos , no final do espetáculo eles disseram que estavam fazendo 10 anos de apresentações, lembro que fiquei  encabuladíssima com o tempo em cartaz. Fico muito feliz por ter a  oportunidade de ter uma experiência desta.
Mais voltando as cabras...
Ontem fomosas 10 horas da manha  fazer a montagem do cenário transportando na nossa fiorino, eu dirigindo, o Hélio de passageiro. No caminho ouvi um barulho da porta abrindo, falei: a porta abriu!,o Hélio foi olhar a porta estava fechada, seguimos viajem, descarregamos e montamos cenário ,fizemos compras de produção,  tudo normal.
A tarde, quando voltei do teatro, estava levando um pouco de coisas que não couberam na primeira viajem, senti falta de uma caixa amarela, que estava com os 4 bonecos que havia feito manutenção, as cabeças das cabras que entramos na primeira cena, a cabeça da cabrita do chifres de ouro ( que eu havia passado a noite inteira anterior dando manutenção) , um quadro e umas plaquinhas com santos. Começamos a busca , eu estava desesperada,  era inexplicável aquela situação, olhamos no depósito todo,  no teatro e nada. Eu estava procurando no deposito, ligava para o teatro e nenhuma notícia,minha garganta começou a fechar de tensão, parece que minhas pregas vocais tinham estourado e que minhas amídalas haviam crescido, não conseguia nem mais falar. Tive isto 2 vezes na vida. Só nos momentos “Toptensão”, voltei para o teatro dirigindo, fazendo força para segurar o corpo e o volante, tremendo. Porra, nós estávamos com tanto tesão, ensaios concentrados,  trabalhando em cada pedacinho daquele cenário surrado, dos bonecos, tanto trabalho, por que ia dar errado??? Por que??
O Tuim lembrou que havia colocado a caixa na fiorino, e o Hélio do barulho da porta abrindo, chegaram a conclusão que ela havia abrido e fechado pelo impulso.  O Abílio , o Tuim e a Adriana foram refazer o caminho que havíamos passado, chegando na praça universitário, onde a porta havia se abrido, lá estava a grande surpresa: 7 horas depois, isto mesmo, 7 horas depois, a caixa estava lá,  arrumadinha, sem nada faltando. NADA.
Alguém (um anjo de candura)viu as coisas espalhadas, juntou, guardou e deixou lá , para nós buscarmos de volta. Ninguém sacaneou, ninguém mexeu, estava lá.
Imagine a festa? Se contar ninguém acredita.
Entende por que continuamos???




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